quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ab-obrinhas ad nauseam

Cá entre nós, se um eminente cirurgião viesse a público pela televisão ou internet e falasse insistentemente em pulmãos ou coraçãos, qualquer pessoa minimamente informada haveria no mínimo de estranhar, não? Será que um profundo conhecedor de algum assunto cometeria reiteradamente erro tão grosseiro? Parece-me absolutamente implausível.

Agora, quando se trata dos tais dos "illuminatis" (assunto que virou moda e por isso mesmo está fora da minha área de interesse, de passagem se diga), aí o que não falta é palestrante para 'esclarecer' o grande público com seu vasto e respeitável conhecimento, que só não inclui o plural correto do próprio assunto. Illumintis? Haja!

Um sujeito diz por aí que a língua inglesa foi inventada por esses tais 'illuninatis'. Como prova, apresenta o fato de god (deus) em inglês ser dog (cão) de trás pra frente. Pode? E parece convencer. É inacreditável. É pra rir, pra chorar, ou pra conspirar?

Vir a público falar disparates agora é bom? Pois parece.

Delírios assim contam com uma audiência imensa, ávida de informação. Parece que as pessoas estão de bom grado, apaixonada e credulamente engolindo uma quantidade sem precedentes de "fatos" que não resistiriam ao mais superficial exame.

A propósito, você já ouviu dizer que o ano corrente tem uma determinada combinação de dias em certos meses que só se repete uma única vez a cada oitocentos e não sei quantos anos? Mandaram-me (várias pessoas) tal preciosidade por e-mail. De onde diabos tiraram isso? A cada vinte e oito anos o calendário forçosamente se repete. O corrente calendário é exatametne o mesmo de 1955 e 1983, e servirá também para 2039, etc. Bastaria conferir.

Percebo uma incrível disposição coletiva para acreditar em qualquer besteira. E tome besteiras. Talvez uma frase de Schoppenhauer explique o fenômeno. Segundo ele, a quantidade de boatos em que um homem acredita é inversamente proporcional a sua inteligência. Os espalhadores de boatos, os proclamadores de solenes abobrinhas, estes estão deitando e rolando, o mar pra eles está pra peixe, sim. Nunca se deram tão bem porque a crise de inteligênci nunca esteve tão severa.

O exemplário de asnices é tão longo que acho melhor o bonde hoje ir parando por aqui, mesmo.