sexta-feira, 31 de agosto de 2012

TRINTA E UM DE AGOSTO

Invariavelmente, a cada trinta e um de agosto torno a evocar uma recordação das mais gratas de minha vida. Lembro-me perfeitamente de como me senti a trinta e um de agosto em 78. Eu estava muito, muito feliz. Sentia-me em grandiosa sintonia com o universo inteiro, por assim dizer. Por exemplo, todas as várias canções que por acaso ouvi tocar em todos os lugares onde estive ou por onde passei naquele dia eram canções de que eu realmente gostava, e foram muitas mesmo, o que nunca me acontecera antes nem nunca mais me aconteceu depois, não que eu me lembre assim tão vivamente. Entrei em tal estado de graça numa barbearia qualquer para um simples corte de cabelo e gostei muito do trabalho de corte, como nunca antes nem depois me lembro de ter gostado. E foi uma profusão de coisas simples assim a me dar gosto atrás de gosto, o dia inteiro.

Eu era um jovem universitário, dava umas aulas pra ganhar a vida, nada muito de mais. Estava casado, e o casamento (ainda) ia muito bem. Também, era casamento bastante jovem e o primeiro. Eu ganhava mal à beça com minhas aulas, mas elas eram boas, bem melhores que as ocasionais de hoje. Claro que então eu sabia muito menos do que agora, mas tinha era muito gás, energia e entusiasmo pra dar e vender. Isso é coisa já não tenho mais não é de hoje, acho que perdi definitivamente. Sequer espero recuperar. Tivesse permanecido naquele primeiro emprego docente e a lei de então não tivesse mudado, pelas minhas contas, teria entrado com um pedido de aposentadoria em 2002, ou seja, dez anos atrás. Pelas regras de agora, só farei isso em 2021. Desse ponto de vista, nada mudou a meu favor.

É, mas esse trinta e um de agosto tão especial a que agora, mais que uma idade de Cristo depois, me refiro foi um dia em que me senti muito feliz, muito de bem com a vida e até mesmo menos mortal. Senti-me desse jeito por um motivo que depois ainda se repetiu por meia dúzia de vezes, em diferentes épocas e circunstâncias, todas elas sempre muito emocionantes, mas nunca exatamente como nessa. Simplesmente, eu estava sendo pai pela primeira vez.

Vi minha filha bem antes do horário de visita no hospital onde ela nascera, com coisa de uns dez, quinze minutos de nascida. Invadi todos os recintos daquela maternidade, ignorando solenemente as várias advertências de “não pode entrar aí não”, até finalmente ver Juliana, através de quem também tive mais tarde inaugurada minha condição de avô em 2000, eu aos 44 anos. Coincidentemente, fui pai por primeira vez aos 22, mesma idade que tinha a própria Juliana quando deu meu primeiro netinho, o Pedro Henrique, à luz.

Pedro Henrique era e ainda é um amor de menino, inteligente e comunicativo que só ele. Lembro perfeitamente da primeira vez que o vi (foram bem poucas as vezes que o vi), ele ainda bebê de colo. Ao me ver, ele abriu um sorriso que enquanto viver tenho certeza que lembrarei. Então, aquele bebê portador de DNA meu dava um sorriso que dizia tudo sobre amizade (que logo traduzi e interpretei logo como “eu gostei muito de você, viu vovô?”), isso num momento em que ele ainda nem sabia falar. Não sabia mas com aquele sorriso falou e disse tudo e mais qualquer coisa. Veio ele em seguida ao meu colo e cadê que queria sair. Nem pro da tia-avó dele, nem pro da avó materna, nem pro de mais ninguém presente ali. Só aceitou mesmo sair do meu pro colo da mãe dele, e ainda assim com um pouquinho relutância, ainda. Juliana também teve depois Melissa, minha segunda neta.

No mencionado primeiro casamento, fui ainda pai de Danusa (que tem duas filhas, Olivia [minha terceira neta] e Violeta [minha quarta neta]) e depois de Brenda (mãe do Theo, meu sexto e por enquanto mais novo neto, dado à luz no dia seguinte ao do meu quinquagésimo sexto aniversário, no mês corrente).

“Três meninas do Brasil, três corações democratas, três modernas arquiteturas, três simpatias mulatas”. Versos do Fausto Nilo que parecem referir-se, pra mim, ao que foi meu primeiro casamento, com esta série feminina.

Anos depois, tive um outro casamento com prole. Desta vez, uma série masculina: Ernani(de 88), Victor(de 89, pai este ano de Victor, meu quinto neto) e Cícero, que completou vinte anos ontem [parabéns atrasados por aqui, filho] .

Num terceiro casamento ainda fui pai de meu caçula e homônimo, que desempatou minha descendência de primeira geração pro lado masculino.

Mas por que cargas d'água estou hoje remexendo nesse acervo de dados autobiográficos? E por que é que estou blogando aqui no Bonde tantas reminiscências e considerações?

Sei lá, me deu na veneta. Deve ser porque hoje ainda é trinta e um de agosto.

Só pode.

Postagens anteriores relacionadas
Juliana http://neo-orkuteiro-bondeandando.blogspot.com.br/2008/11/juliana.html
Danusa http://neo-orkuteiro-bondeandando.blogspot.com.br/2008/11/danusa.html
Brenda http://neo-orkuteiro-bondeandando.blogspot.com.br/2008/11/brenda.html
João http://neo-orkuteiro-bondeandando.blogspot.com.br/2009/06/reencontro.html

sábado, 18 de agosto de 2012

Curiosidades Calendariais

Sábado, 18 de agosto de 2012.

Acho interessante saber também que 18 de agosto de 1900, 1928, 1956 e 1984 também caíram necessariamente em sábados.

Isto porque a cada 28 anos reinicia-se um novo ciclo de calendários, idêntico em tudo ao anterior e ao seguinte.

Minha mnemônica pra saber em que dia da semana caiu (ou cairá) qualquer data baseia-se numa melodia, feita com os dias da semana transformados em notas, dó para domingo, ré para segunda e assim por diante até si para sábado.

Existe um padrão nos calendários, Se o ano começa no domingo e não é bissexto, os doze dias primeiros serão

dó fá fá; si ré sol; si mi lá; do fá lá

Muito fácil confirmar isso num calendário. Vemos por exemplo que janeiro começa no domingo(dó), então os domingos desse janeiro só podem ser 1, 8, 15, 22 e 29. Com 29 domingo, temos 30 segunda(ré) e 31 terça(mi). O intervalo fixo para janeiro que começa no domingo (dó) termina na terça (mi), para fevereiro será sempre uma quarta justa, neste caso um fá.

Fevereiro tem 28 dias em ano não bissexto. Se não tem nesse caso o dia 29 que também seria quarta (fá), então março é que vai ser um mês fá. Março fá tem dia 29 quarta (fá), 30 quinta (sol) e 31 sexta (lá), dando um abril si, maio ré, junho sol, julho si, agosto mi, setembro la, outubro do, novembro fá e dezembro lá.

Com esta base, preenchendo verticalmente as seis notas seguintes até completar a escala a cada mês, formaremos todas as sete possibilidades para calendários de anos não bissextos, assim:

dó fá fá si ré sol si mi lá dó fá lá
ré sol sol dó mi lá dó fá si ré sol si
mi lá lá ré fá si ré sol dó mi lá dó
fá si si mi sol dó mi lá ré fá si ré
sol dó dó fá lá ré fá si mi sol dó mi
lá ré ré sol si mi sol dó fá lá ré fá
si mi mi lá dó fá lá ré sol si mi sol

Nos anos bissextos, que em janeiro e fevereiro nada têm de diferente, março está em intervalo de segunda (e não nulo ou de oitava), já que fevereiro tem 29 dias.

Em todos os séculos, o ano terminado na dezena 04 sempre é bissexto, bem como os terminados todas as outras que são múltiplas de 4 (04, 08, 12, 16, 20... até 00).

Um ciclo completo de 28 anos fica então assim:

ano dó, ano ré, ano mi, ano fá/sol(bissexto);
ano lá, ano si, ano dó, ano ré/mi(bissexto);
ano fá, ano sol, ano lá, ano si/dó(bissexto);
ano ré, ano mi, ano fá, ano sol/lá(bissexto);
ano si, ano dó, ano ré, ano mi/fá(bissexto);
ano sol, ano lá, ano si, ano dó/ré(bissexto);
ano mi, ano fá, ano sol, ano lá/si(bissexto)
e tudo se repete.

Não é interessante?