domingo, 24 de agosto de 2008

Gioia della mia domenica, o una voce di donna

24/08/2008 - 17h07m

Hoje tive o prazer
(que prazer!) de escutar
uma voz de mulher
que falava do mar

Era intensa e fluente
como posso lembrar
essa voz diferente
das que vivo a escutar

Olha, cá entre nós
nem sei como explicar
que feliz, essa voz
conseguiu me deixar

Ah, querida, querida
eu só quero escutar
pelo resto da vida
essa voz, a falar

Em que língua decida
o que queira expressar
essa voz, tão bem vinda
falando do mar

Nada mais que prazer
faz-me experimentar
com sua voz, a mulher
que me fala do mar

Fale mais, quero ouvir
quero, até me fartar;
não, nem pense em sumir
sobre as ondas do mar.

( Alla donna della voce che questa domenica ha fatto un poeta felice come un bambino, un bacio )

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Resgate de um texto original

Neste weekend aconteceu algo insólito.

Vi meu irmão, que aniversariara na sexta e é autor do original cujas traduções minhas ao inglês e ao francês foram postadas então. Dei-lhe como presente de aniversário o printout da última postagem que fizera neste blog.

Após tomar conhecimento disto, ele foi a seus guardados e me trouxe um manuscrito onde prontamente reconheci minha própria caligrafia. Eu não lembrava mais, mas nós recompuséramos (com base nas traduções já publicadas) o original que fora acidentamente queimado.

Então ele releu uma última vez seu texto e após uns poucos palpites que discutimos, aprovou a forma que agora apresento aqui. Ei-la:

"Escrever é sempre um grande desafio. Nota-se que todos encontramos dificuldades quando queremos manifestar, em escrito, o que pensamos. Volta e meia, estas dificuldades nos envolvem com mais expressividade. Sentimos na pele a existência de situações embaraçosas quando, por exemplo, tentamos nos lembrar da palavra ou expressão indispensável em certas ocasiões. Coisas assim nos atormentam o espírito. Existe uma batalha constante em busca das palavras ou expressões mais adequadas.
Quem se dá ao trabalho de escrever percebe, conscientemente ou não, os efeitos naturais deste fenômeno. É como quem se atreve a entrar numa floresta maravilhosa, infinita e cheia de perigos. Então, os encantos que a magia dessa natureza oferece vão atraindo mais e mais. E pouco a pouco, surgem as primeiras surpresas. Observa-se minuciosamente uma harmonia impressionante entre o gorjeio maravilhoso dos pássaros e a aspereza sussurrante das quedas d’água. As borboletas, com aquele multicolorido alegre e exuberante, vivificam e fazem desaparecer a monotonia visual do verde sem fim do bosque. Eles conhecem a fundo a beleza que há na lei de toda a charneca. A troca maravilhosa e equilibradíssima de benefícios entre os reinos animal, vegetal e mineral. Sente-se então um desejo implacável de continuar a jornada. Tudo faz bem aos cinco sentidos, em todos os sentidos:
- é a cantilena dos pássaros que nos faz bem à audição;
- é a flora, repleta de árvores frondosas, que quase não deixam os raios solares chegarem ao chão coberto de relva, que nos presenteia a visão;
- é o perfume alucinante que toda a flora exala, que nos envaidece o olfato;
- é o contato direto e salutar com a água cristalina do riacho, que nos estimula o tato;
- é a fruta madura colhida e consumida muito mais por diversão ou prazer do que por necessidade, que nos aguça o paladar.
E o indivíduo acaba perdendo-se neste mundo sem fim de coisas tão maravilhosas.
Eis o que acontece com quem não resiste à tentação de satisfazer o desejo de escrever o que lhe pede a emoção."

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Resgate tradutório de um original perdido

Hoje segue um texto não-autoral. O autor do que publico hoje é meu irmão Edinelson. Ele criou o presente texto originalmente em português. Traduzi-o ao inglês e ao francês, como exercício. O original de próprio punho infelizmente já não existe mais. Publico portanto o que dele sobrou: minhas traduções.
Ah, sim, hoje é dia do quadragésimo sétimo aniversário do autor.

An English rendering of my brother Edinelson’s text, the original thereof is lost:

Writing is always a great challenge.

One should notice that we all meet with difficulties whenever we wish to manifest what we think in writing.

Every now and then such difficulties involve us in a more expressive fashion.

We have a personal experience with embarrassing situations when, for instance, we struggle to remember the fittest word or expression on certain occasions.

This kind of thing torments our spirit.

There is a constant battle in the search for the most adequate words or expressions.

He who troubles himself with writing perceives, either consciously or otherwise, the natural effects of such phenomenon.

It is like someone who dares entering a wonderful forest, infinite and full of dangers.

Then the charms the magic of such nature offers attract even more.

Little by little, the first surprises come up.

One observes in fine detail an impressive harmony between the wonderful warbling of the birds and the whispering roughness of the waterfalls.

The butterflies, with that gay and exuberant multicoloredness, impart life and make the visual monotony of the endless green of the woods disappear.

They know deeply the beauty there is in the law of the moor.

The wonderful and most balanced exchange of benefits between the animal, vegetal and mineral realms.

One feels then an implacable desire of going further in the journey.

Everything does good to the five senses, in all senses.

- there’s the birds singing to do good to our hearing;

- there’s the flora, replete with leafy trees, which almost prevent sun-rays from reaching the grass-covered ground, to present our eye-sight;

- there’s the hallucinating perfume that the whole flora exhales to flatter our smell;

- there’s the direct and wholesome contact with the crystalline water of the brook to stimulate our touch;

- there’s the ripe fruit, picked and consumed far more for fun or pleasure than for need, to tease our taste.

And the individual ends up getting lost in this endless world of such wonderful things.

That’s what happens to he who won’t resist the temptation of satisfying the desire of putting into writing what his emotion asks of him.


Traduction au français d’un texte écrit par mon frère Edinelson, don’t l’originel n’existe plus:

Écrire est toujours um grand défi.

On observe que nous trouvons tous quelques difficultés quand nous voulons manifester par écrit ce que nous pensons.

De temps em temps, ces difficultés nous enveloppent avec plus forte expressivité.

On sent bien l’existence de situations embarrassantes quand, par exemple, on essaye de se souv enir du mot ou expression indispensable dans quelques ocasions.

Cette sorte de chose nous tormente l’esprit.

Il-y-a une bataille constante em cherche des mots ou expressions les plus adéquats.

Celui qui se donne le travail d’écrire aperçoit, avec ou sans cosncience, les effets naturels de ce phénomène.

Il est comme celui qui s’enharde de pénetrer dans une forêt merveilleuse, infinie et pleine de dangers.

Donc, les charmes que la magie de cette nature offre vont attirant chaque foi de plus.

Peu à peu, surgent les premières surprises.

On observe minutieusement une harmonie frappante entre le merveilleux gazouiller des oiseaux et l’asperité chouchoutante dês chutes d’eau.

Les papillons, avec leur joyeux et exuberant bariolé, vivifient et font disparaître la monotonie visuelle du vert sans fin du bois.

Elles connaissent au fond la beauté qu’il-y-a dans la loi de tute la garrigue.

L’échange merveilleux et trop équilibré des benefices parmi les royaumes animal, vegetal et mireral.

On sent donc un désir implacable de suivre dans le promenade.

Tout fait du bien aux cinq sens:

- c’est la cantilène dês oiseaux, que nous fait du bien à l’audition;

- c’est la flore, pleine d’arbres branchus, lesquels presque ne laissent pas les rayons du soleil toucher le sol couvert de gazon, que nous fait cadeau à la vision;

- c’est le parfum hallucinant qu’émane de toute la flore, que nous enorgueille l’odorat;

- c’est le contact direct et salutaire avec l’éau cristaline du riveraine, que nous estimule le toucher;

- c’est le fruit mûr, cueilli et consommé beaucoup plus par derision ou plaisir que pour necessité, que nous aiguise le gout.

Et l’individu finit par se perdre dans ce monde sans fin de choses si merveilleuses.

Voilà ce qu’arrive à qui ne resiste pas la temptation de satisfaire le désir d’écrire tout ce que l’émotion le demande.