quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

E Agora, Mulher?

Diga-me, pois então, o que mais poderia significar aquele sorriso alumbrado, com aquela tão conspícua, tão genuína alegria que logo ao me ver você abriu, como um presente especial que exclusivamente para mim guardara, e me entregava com todos os requintes de naturalidade, caso contrário, ficarei indefinidamente com a única interpretação que naquele instante me ocorreu como possível.

E seu olhar, como a espelhar bem lá do fundo da própria alma aquela indisfarçada satisfação absolutamente doadora e absolutamente feliz, o que mais poderia significar? Diga-me agora, se não estiver integralmente correta a única conclusão que para mim foi possível tirar.

Ao desnudar-se, corretamente quase nem um pouquinho encabulada com nada, naquela incalculada vagareza que queria dizer - e dizia - tanto, tanto, você era um só clamor, tácito e uníssono, em ré maior: É TUDO SEU! Foi ou não foi? É ou não é?

Tudo terminado, novamente você naquele mais-que-perfeito, todo elegante recompor-se, ainda com aquele mesmíssimo sorriso irradiante, aquele mesmíssimo olhar que já no semblante denunciava uma serena saciedade profundamente inculpe, ambos perfeitamente ainda disponíveis, perfeitamente ainda meus, ainda lá, em você, decerto que para ficar, de recordação, comigo. Claro, ficaram sim.

Todos os inequívocos desmentidos que porventura você ainda venha a me fazer, ainda que com igual ou maior eloquência, em gestos, e atos, e palavras quer implícitas, quer proferidas em alto e bom som, terão de valer, também, pela força da verdade que encerrarem, quando (e se) você os fizer, mas só para deste futuro então por diante.

Em tal caso, no entanto, você poderá tomar como pra lá de certo que ainda será de alguma forma grata em minha lembrança a evocação de que um dia, sem saber nem suspeitar que pudesse ser mais uma das incontáveis mentiras acreditadas, eu tive por expressão da mais pura verdade, de tão verossímil que tudo quis afigurar-se-me nesta afoita conclusão atual, a de que você verdadeira, inquestionavelmente me ama.