segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Lua a Mando

Como a lua hoje veio linda
No céu dessa noite fria,
Daqui, do hemisfério sul!

Meia lua bem amarelinha
No céu dessa noite minha
A refletir luz do sol

Luz, mas não calor. Também, pudera!
Lunarmente, que só ela
Bela tenho-a, nua e meia

Ah, se uma amizade de verdade
Nessa hora me chegasse
Com a chave da cadeia!

Nada nessa vida permanece
Nem a própria vida dura
Que o diga quem bem me viu

Quando aqui se cai, aqui se paga
Os próprios olhos da cara
Que a terra ainda vai comer

Brilha, meia, em céu de noite fria,
Hibernal e punitiva
Que faz na pele sofrer

Sua simples insinuação
Já me traz algum calor
Já me aquece o coração

Ambos, nesse frio que está fazendo
Não mais que um ao outro tendo,
Somos um na solidão

É, mas tem as voltas desse mundo
Que voltas dá mesmo. Nada
Como um dia após noitada

Quando já nem quem se afaste haja
Nada reste, vezes nada
O que mais pode importar?

Quero ainda ver a cor do ouro
Assim como a cor da prata
Quero, claro, ver a cor

Lua meia, lua nua, lua
Na minha retina linda
Num frio que vou te contar!

Gente ainda há de haver que veja, gente
Em quem, findas contas, reste
Capacidade de amar

Selenitamente meia, ei-la
Contemplada por inteira
Como agora sendo está

Mesmo expresso em tumular silêncio
O amor tem força que chegue
Pra qualquer coisa mudar

Lua lá no meio do céu, meia
De vaidade toda cheia
Linda como sabe estar

Para mim, nem dá pra não cantá-la
Ou deixar de desejá-la.
Pra ela ... não me escutar

Rua, estou no bode, estou de porre
Já passei do fim da linha
Vejo só se confirmar

Xi!, mais essa vez a geografia
No que diz que a terra gira.
Pombas, gira sem parar!

Fujo das pessoas, e fugido,
Tão mal pago, tão ferido
Que nem ouso aparecer

Onde existe quem me compreenda
E me ensine a fazer renda
Como tenho que aprender

Trago algo aqui no coração
E quanto à cabeça, então
Não carece nem dizer

Desse pra mostrar que bola eu jogo
Mudaria logo, logo,
Quem sabe, a situação

Não odeio nem quem mal me quer
Acredite se quiser
Comigo é sempre no amor

Pedras, se me atingem, não retornam
Que, preciosas, se tornam
As pérolas que não dou!

Quando houver amor pra todo mundo
Dar e vender, ganho e compro
Minha cota vendo e dou

Lua meia e nua, aqui meus olhos!
Eles querem ver ainda
Muito, e muito, e muito mais

Quero ver até que ponto chega
A língua longa, a lengalenga
Pois Bem, quem viver verá

Tinha-a minha, faz tão pouco, lua
Fria a noite continua
Mas sem ela ... assim não dá

Sigo caminhando sem destino
Sem mais nem lua nem tino
Acabou-se o que era bom

Zanzo, a ver navios no horizonte
Escuros, frios, distantes
Espectros pretos no mar

Indo-se sem “isso” aqui de pressa
E meus pés também vão nessa
É frio de se agasalhar

Tenho em minhas mãos a liberdade
Ainda que assim já tarde
Ainda que a tiritar

Mesmo de esperança quase a zero
Faz sentido cada passo
Dado, e cada um por dar

Não, jamais se justificaria
Querer, nem de mentirinha
Morrer, quem sabe matar

Sigo, lua ou não, o meu destino
De vagar, de peregrino
De abandonado maior

Todos os sentidos, tudo grita:
Bicho-homem, que esquisita
Miserável condição!

Querem meus carentes olhos lua
No sertão, no cais, na rua
Belezas de forma e cor

Querem meus ouvidos coisas belas
Poesia, música, estrelas
Belezas feitas de som

Graça, ah, que se faça de repente
Por este sempre carente
Nariz de cheirinho bom

Toda requintada maravilha
Minha inútil multilíngua
Tem pretensões de provar

Quentinhezas fofas pra meu tato
Que os prazeres do contato
Tanto, e cada vez mais, quer

Corta feito faca o frio de agora
De si própria a mando, vinda
Eu a quero, lua, ainda

Chega de brincar de pique-esconde
Acabou-se a brincadeira
Se esconder não vale mais

Nada de minguar, também não cresça
Basta só que me apareça
Para a gente namorar

Venta um vento frio, silencioso
Me bate, e forte, e no rosto
E eu só queria luar!

Por que cargas d'água tanto açoite
Tanto inverno em minha noite
Que fria! Cadê você?

Dama, vagabundo eu sofro tanto
Só queria estar, a mando,
Fazendo o que sei fazer

Sei que faço bem, quando possível
Que impedimento terrível
Que cruel, falso morrer!

Foi-me concedido o céu por teto
E eu tremo de frio e medo
De nunca mais a rever

Pouco do que é meu ainda existe
Sem você fico tão triste
Sim, mas acho bom viver

Erro pela madrugada rua
Da Amargura e quero-a, lua
Pra me inspirar, só você

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Astral

O céu estrelado
merece um olhar
é fonte de agrado
só querer, terá

Procure grandeza
maior não verá.
Um mar de beleza
que à vista se dá

Apalpe o mistério
do céu, do infinito.
Tente, falo sério
nada mais bonito

Um céu estrelado
é tudo de bom
concerto tocado
em sublime tom