sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Babelcube

Entrei para a Babelcube no início deste ano.

É uma empresa relativamente nova que funciona basicamente online onde autores e tradutores independentes de quase qualquer lugar do mundo se encontram e fazem interessantes parcerias. A remuneração contratada para cada trabalho de tradução fica na base de um percentual sobre as vendas do respectivo produto. Achei ótima a ideia. Inscrevi-me então lá tanto como tradutor quanto como autor. Meu livro Poesia Amadora agora está permanentemente oferecido a quem o queira traduzir para qualquer língua. Parece que até o momento ninguém se habilitou ainda, mas traduzir poesia é coisa bem complicada, mesmo. São bem poucos os trabalhos nessa linha que vi por lá até o momento.

Sou tradutor profissional desde 1985. Já traduzi praticamente de tudo, textos técnicos, material para uso interno em grandes empresas, material acadêmico, e muitos etcéteras, inclusive alguns livros.

Minha média de livros traduzidos por ano estava na base do zero vírgula alguma coisa até o ano passado, antes de eu descobrir esta interessante possibilidade, já que nesses trinta anos cheios de atividade traduzi menos de trinta títulos, uns vinte só, se tantos, alguns dos quais eu nem sequer soube se foram publicados.

Com a modernidade e a descoberta da Babelcube, isso mudou completamente.

Pela ordem, comecei traduzindo por lá um livro americano de que gostei, passando por todo o processo normal de propor, traduzir uma amostra, receber a aprovação do autor, fechar o contrato e executar a tarefa. Fiz tudo isso e a obra ainda se acha no prelo, ou 'aguardando publicação', como eles dizem lá. Chama-se How to Publish Your Book, de Justin Sachs. É uma obra interessante, cheia de dicas para quem escreve, como como escrever uma boa carta-consulta para editoras e muitas outras coisas. Especialmente interessante para escritores que queiram entrar no mercado americano, é óbvio.

Em seguida peguei para traduzir The long Cutie, de Dan Alatorre . Mesma coisa e mesmo resultado que a obra anterior. No prelo ainda, só que desta vez o autor me avaliou com cinco estrelinhas e o seguinte comentário: "Great job! Highly recommended". E não é que eu comecei a gostar dessa trabalhosa brincadeira?

Escolhi em seguida um autor italiano, Roberto Coppola, cuja obra original se chama Anche Tu Poliglotta. Esta tradução já foi publicada e está disponível em forma de e-book em diversos canais, sob o título Você Também Poliglota em minha tradução ao português. Traz uma porção de dicas para a poliglotização autodidática, avalia e sugere alguns métodos e oferece um curioso plano pelo qual qualquer pessoa disposta a fazer sua parte poderá se comunicar razoavelmente bem em quatro línguas estrangeiras no curto prazo de dois anos. O autor também me deu as cinco estrelinhas lá, pela tradução que fiz.

Traduzi depois ainda de um autor espanhol, José Vicente Alfaro, o interessante romance El Llanto de la Isla de Pascua para o português. Já entreguei a tradução completa, que por ora como todas as demais menos uma ainda se acha 'aguardando publicação'. Também não consta ainda ali nenhuma avaliação do autor.

Nesse ínterim, um autor brasileiro chamado Johann Heyss me solicitou a tradução de um de seus livros, Iniciação à Numerologia, para o italiano. Vi que o referido livro já fora traduzido para o inglês (pelo próprio autor), francês, alemão e espanhol. Passei pelo processo, traduzi uma amostra que ele aprovou e assim mais um contrato Babelcube foi fechado. Estou trabalhando nessa tradução, pra a qual solicitei um prazo confortável de modo a poder caprichar na tradução e também aceitar possíveis novas solicitações sem grandes aperreios.

E não é que as novas solicitações estão chegando mesmo? Um autor italiano, Demetrio Verbaro, me solicitou a tradução de seu Il Carico della Formica para o francês. Já fechamos contrato e acho-me agora traduzindo de uma língua estrangeira para outra pela Babelcube. Neste caso conto ainda com uma parceira francófona para a revisão final de meu texto em francês, cujo nome não consta no contrato porque sua inscrição na Babelcube não estava completa durante esta negociação. Mas trata-se de pessoa bem próxima a mim com quem já fiz várias outras parcerias antes sem jamais termos tido qualquer tipo de problema.

Uma autora italiana recentemente me procurou para traduzir um livro seu ao inglês. Mandei-lhe ontem a pequena amostra, que ela ainda não avaliou. Caso fechemos contrato, já será o sétimo deste ano e mais uma tradução que farei de uma língua estrangeira para outra, o que só muito raramente me foi solicitado em todas essas décadas de mangas arregaçadas. Coisas da Babelcube.

Não faço ainda a mínima ideia de que retorno financeiro obterei com estes esforços tradutórios. É muito cedo para qualquer tipo de especulação minha neste sentido. Cada livro novo que seja lançado se sairá como o mercado bem entender. Não existem garantias possíveis de vendas mínimas, até onde eu saiba, até porquê isso nem seria possível. Acredito que alguns dos livros que já traduzi ou estou traduzindo possa desempenhar bem, caso em que até que enfim me verei mesmo decentemente remunerado. Não tenho expectativas mirabolantes, mas faz sentido esperar retorno compatível com o esforço que despendo e com a qualidade que faço absoluta questão de imprimir ao meu trabalho. Ainda na hipótese de todas as minhas traduções acabarem tendo um desempenho medíocre em termos de vendas, terei pelo menos um bom número de trabalhos realizados recentemente que podem por falar por si só e constituir-se em prova de minha capacidade de trabalho, de minha versatilidade e competência linguística, o que afinal de contas para alguma coisa haverá de me servir, pelo menos no sentido de conferir visibilidade ao que faço, o que sempre é útil.

Tenho divulgado estes trabalhos pelas redes sociais que frequento, agora mesmo estou fazendo isso aqui no Bonde que assim volta a andar. Pode não ser muita coisa, mas estou convencido de que algum efeito positivo mesmo este pequeno esforço de divulgação que venho fazendo acabará por surtir.

domingo, 12 de abril de 2015

Durante a Parada Do Bonde

Muita coisa aconteceu nesses quase dois anos. De longe, foi o maior intervalo entre duas postagens por aqui. Venho hoje reativar este blog. Um punhado de explicações de cunho necessariamente autobiográfico se impõem. Talvez elas próprias ultimamente me viessem fazendo adiar este momento um tanto acanhado, em que me consulto sobre meu próprio querer ou não, encarar ou não, já que não existe impedimento concreto algum para esta ressurreição da minha vida de blogueiro.
De alguma forma, sinto como se eu agora estivesse reinaugurando o Bonde. Conheço bom número de blogs que após um recesso que se pretendia relativamente curto, simplesmente nunca mais...
Ver o abandono de vários espaços virtuais que frequentei como leitor é uma coisa, fico aqui só imaginando o que teria acontecido e se eu ainda visitarei e verei novidades em cada um daqueles espaços que continuam na blogosfera, para como antes ler, deixar comentários, essas coisas, não é? Agora, chato mesmo é perceber como eu próprio também, sem mais nem menos, abandonei meus blogs sem dar qualquer explicação, nem sequer para mim.
O entusiasmo que me movia a escrever na blogosfera já vai longe. Não me pergunte por quê, que isso eu também não sei, embora ainda tenha intenções por assim dizer proustianas de recuperação do tempo perdido.
O ano de 2013 foi pontuado de problemas específicos, entre os quais pouco trabalho e consequentemente pouco dinheiro e consequentemente acho que nem preciso continuar. Sofri inclusive a perda total de um PC, com tudo o que nele havia sem backup: pesquisas, ensaios, trabalhos da mais variada natureza. Salvou-se apenas o que existia em cópia, na Dropbox, no e-mail em pen drive. Se foi algum vírus ou o quê, acabei nem descobrindo.
No segundo semestre, participei de um treinamento que durou duas semanas num curso de idiomas. Gostei, já não dava aulas fazia coisa de uma década. Precisava mesmo de alguma atualização para “desenferrujar”. Com gosto percebi que havia outros colegas da minha faixa etária entre os candidatos treinandos e até professores que já estavam trabalhando lá. Reencontrei, por exemplo, uma colega de faculdade de cujo paradeiro eu não fazia a mínima ideia há mais de vinte anos. Demoraram um pouco para me chamar, parecia que tinham esquecido de mim, acabei só começando pra valer em dezembro, coisa de três meses após o tal treinamento. Foi um período de agitação, de movimento. Só o fato de estar trabalhando justificava os longos deslocamentos diários em transportes públicos normalmente apinhados não só para ir e voltar como também para transitar entre as empresas onde dava minhas aulas. Foi bem mais irritante e cansativo do que eu me lembrava, mas ganhei um olhar bem mais positivo graças ao ingresso de algum dinheirinho que eu podia ter por mais ou menos certo. Tudo isto durou quinze meses, nos quais conheci pessoas, fiz bons contatos e amizades, exercitei novamente minhas antigas habilidades profissionais, muita coisa boa, mesmo. Só que acabou. Esse tipo de experiência de trabalho normalmente é efêmero, pelo menos comigo sempre foi e as exceções que conheço são bem poucas. Com certeza vou me lembrar de mais essa por um bom tempo.
Comprei outro computador em 2014 (já estou terminando de pagar as prestações) e reiniciei minhas atividades virtuais meio precariamente, pois praticamente já não dispunha mais de tempo. Apareceu então um anúncio da Amazon oferecendo autopublicação numa modalidade que eu desconhecia. Não havia despesas. Era só mandar a obra e eles publicavam. Tive considerável trabalho para juntar o material (a maior parte extraído deste blog) e depois colocar tudo no formato correto, sem saber patavina de artes gráficas. Pelo menos eu entendo bem inglês, o que com certeza foi uma dificuldade a menos. Sei de autores que se viraram com tradução de Google, na mesma situação. Fico só imaginando a dificuldade destes.
Mas o livro acabou saindo. Chama-se Poesia Amadora e Prosa. Está lá, no site
http://www.amazon.com/Poesia-Amadora-Portuguese-Jo%C3%A3o-Esteves/dp/1502736195/
Não empreendi grandes esforços promocionais, ainda. Quem comprar pelo link acima paga $8,38, mais o frete; se for para o Brasil, a compra sai por uns quinze dólares, conforme eu mesmo experimentei, só para conferir.
Nessa linha de autopublicação, descobri outro site chamado Babelcube, um lugar virtual onde autores e tradutores do mundo inteiro se encontram. Fiz meu cadastro e escolhi para traduzir como experiência o trabalho do americano Justin Sachs chamado How To Publish Your Book. Fiz assim uma primeira tradução, que entreguei no dia 4 passado. Ainda não tenho notícias, mas ainda é cedo, pois o processo inteiro que vem depois da entrega da tradução pode realmente demorar um pouco.
O fato é que agora já sou um autor publicado e ainda tenho um considerável campo novo para explorar como tradutor. Tudo graças a essas novidades de que talvez sequer tomasse conhecimento se tivesse perdido de uma vez por todas o contato com o mundo virtual.
Chegou enfim a hora de reativar este blog, e a presente postagem bem pode significar um reinício de atividade virtual intensiva. Pelo menos assim espero. Fico aguardando direitinho como ficava em outros tempos a possível chegada de leitores que aqui deixem seus comentários. O Bonde volta a circular como outrora, antes desse longo recolhimento, mas tudo agora me parece novo. Sinto-me como a conduzi-lo em sua viagem inaugural.