quarta-feira, 1 de março de 2017

No Carnaval 17

Recolhi-me durante este carnaval. Fora umas poucas visitas de praxe e família, uma ou outra excursão a algum estabelecimento comercial aberto, não saí.
De casa, não quis tomar conhecimento dos desfiles das escolas de samba, grande atração do evento. Vi bem poucos informativos, mais interessado que estava em assuntos não carnavalescos.
Um goleiro acusado de assassinar sua amante e condenado em primeira instância a 22 anos de prisão foi solto porque recorrera e o recurso em quase sete anos ainda não tinha sido julgado. Entendeu o STF que era um tempo longo demais para uma prisão preventiva.
A CEDAE se acha em processo de privatização. Já vejo possíveis reflexos dessa manobra aqui, na Baixada Fluminense. Hoje deveria ter caído água para abastecer as casas da localidade, mas isso não aconteceu. Só não posso garantir que essa falha no abastecimento seja coisa diretamente associada ao processo de privatização desta empresa Estadual porque no meu município (Mesquita) já vi faltar água alegadamente por razões técnicas um bom número de vezes.
De carnaval propriamente dito, quase nada sei justamente porque não estou interessado em saber, mesmo. A grande festa carioca este ano não poderia ser mais indiferente para mim.
A única observação que não me escapou como relevante foi a de que muitos, mas muitos foliões daqui, dali e de acolá aproveitaram a oportunidade de pura diversão para mandarem uma mensagem política, mensagem essa que me pareceu praticamente ubíqua e unânime, apesar de receber pouquíssima cobertura midiática.
Bem, seja lá como for, havia um coro coro ao qual aproveito para aderir através deste blog:
Fora Temer!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Subindo o Nível

Pedi a minha amiga Rosângela Vieira Rocha a devida permissão para transcrever aqui uma postagem que ela publicou em sua página Facebook do dia 4 passado (É meu o itálico):

“Estou empenhada, junto com outras pessoas, incluindo a escritora Stella Maris Rezende, numa campanha com vistas a melhorar o nível das discussões por aqui. Pelo menos quanto às regras, que qualquer "jogo" tem: não ofender os interlocutores, expor as ideias sem entrar no terreno pessoal, não fugir do assunto, e muitas coisas mais. Aceitamos pessoas pra dar ideias e fortalecer essa nossa corrente. Penso que, se passarmos a repetir exaustivamente em postagens públicas o beabá de qualquer discussão civilizada, pode ser que lancemos alguma sementinha. Água mole em pedra dura... Quem sabe, não é? Temos de tentar e ver. Tudo isso em nome da civilidade, da urbanidade, da boa educação. E do bem-estar de todos, enfim”

Stella Maris, também minha amiga FB, manifesta-se a respeito disso nos seguintes termos, que também transcrevo abaixo, igualmente com a devida autorização dela (É meu o itálico):

“Vamos reaprender a discutir ideias! Sem ofender os interlocutores, como bem diz a querida Rosângela Vieira Rocha. Sem entrar no jogo do ódio, da hipocrisia, do cinismo e do egoísmo. Reaprender a trabalhar por um Brasil mais justo e mais digno, vamos? Não somos de desistir da vida, somos? Mesmo tristes e perplexos, vamos dar um revestrés nessa história toda, vamos? De que modo?! Vamos descobrir juntos. Juntos.”

Será que é mesmo assim, como nas palavras da Rosângela? Você já viu alguma troca de ofensas pessoais na internet? Eu já, e muitas. Até perdi a conta. Já viu alguma discussão ser levada claramente de propósito para o lado pessoal? Eu vejo isso o tempo inteiro. Já viu o tema tratado em alguma publicação ser desviado de forma busca e inequivocamente deliberada? Cansei de ver isso, também.

Teria razão a Stella ao se referir a ódio, hipocrisia, cinismo, egoísmo? A meu ver, abundam as instâncias em que estas palavras descrevem à perfeição o que vai por trás de um enorme número de “contribuições”.

Poderia facilmente recolher uma quantidade praticamente ilimitada de exemplos contendo desses abusos em questão de minutos ali, no próprio Facebook, bem como em muitos outros lugares virtuais que conheço onde as pessoas têm espaço para comentar o que encontram publicado. É simplesmente estarrecedor. O nível geral anda muito abaixo do mínimo aceitável. Xingamentos em termos cujo calão talvez envergonhasse a própria Dercy Gonçalves por conta de alguma mera discordância de opinião são sintoma de que a comunicação interpessoal pela internet anda sofrendo contaminação num grau dificilmente suportável. O desrespeito brutal à pessoa humana virou fato tão corriqueiro que desagrada, desgosta e até choca quem ainda conserve um senso de adequação e respeito, de decoro, de urbanidade. Mas tudo isso facilmente lá se encontra e via de regra permanece.

Passo, portanto, a participar desta iniciativa de fato ambiciosa, mas muito honesta e bem motivada, colocando meus esforços e energias pessoais à inteira disposição dessa causa que reputo justa, nobre, elevada.

Este meu blog, por exemplo, sempre pareceu relativamente imune aos ataques importunos de pessoas que em outros lugares invariavelmente saem de seu precioso silêncio para fazer a mais vulgar trolagem, com objetivos absolutamente objetáveis, conseguindo muita vez fazer com que o nível do que se tenta discutir com dignidade e respeito simplesmente despenque, fato pra lá de comum e no mínimo lamentável.

Não faço nenhuma ideia de a que se deva exatamente esta imunidade, mas convenhamos que meu próprio modo de redigir minhas postagens, assim como a postura geral de meus comentaristas, são sempre altamente respeitosos. Até mesmo quando me revolto ou insurjo contra alguma coisa do momento, jamais desço ao nível de xingar ninguém, de dizer obscenidades gratuitas, nada mesmo. Deus me livre e guarde de qualquer coisa o mais minimamente parecida (ou o mais minimamente compatível) com isso. Talvez seja justamente por este motivo que os estragadores de festa sempre de plantão em tantos lugares virtuais aqui se deem conta de que não foram jamais convidados e percebam por si mesmos que o que têm a apresentar como contribuição destoa completamente de tudo e todos aqui, e me façam o grande favor (que aproveito logo o ensejo para agradecer) de irem "baixar noutro centro" com suas baixezas, suas rudezas, suas chulices, sua inconveniência proposital e tudo o mais que lhes é peculiar.

A partir de agora, este blog se coloca a serviço de um ideal que vislumbro com esperança. Isso mesmo: esperança. Venham examiná-lo e concluam se ele corresponde ou não ao que aqui afirmo. Comentem tudo o que considerarem pertinente. Queiram apresentar todas as correções, sugestões, criticas, de seja que investidura for. Mostrem-me por favor os posts ou mesmo pequenos trechos que pareçam em franca contradição ou desarmonia com as próprias regras que passarei a pregar como se eu aqui me encontrasse num púlpito, numa tribuna ou num palanque. Aceito de bom grado tudo o que aqui chegue e garanto desde já minhas boas vindas a todos os possíveis comentaristas que desta postagem tomem conhecimento.

Não ignoro o fato de que este blog goza de relativamente pouca visibilidade, tampouco o de que não seria nada realista de minha parte esperar que ele algum dia ainda venha a fazer sucesso de tipo estrondoso na blogosfera. Sei perfeitamente que sempre foram relativamente poucas as pessoas que o conhecem e visitam. Escrevo aqui apenas porque gosto de escrever. Sei que praticamente ninguém de meu convívio imediato costuma vir aqui. Foi surpresa para mim quando, faz poucos dias, vi de repente meu filho mais jovem (22 anos) lendo em seu tablet alguns escritos autorais em verso que tenho publicado num site de escritores. E ele no momento estava interessado. Tal interesse, até onde eu saiba, foi totalmente espontâneo, pontual e também um tanto atípico, inesperado mesmo. Aquele momento envolvendo ambos os Joões, o velho e o moço, foi nada menos que santo de casa fazendo o que realmente não costuma.

Sou tradutor profissional desde 1985. Há bastantes grupos de discussão para tradutores no mundo virtual. Eles prestam relevantes serviços, por exemplo aquele "S.O.S." quando se necessita de uma solução boa e urgente para algo que simplesmente não consta nos dicionários nem nas demais obras de referência à mão para o par de idiomas do momento, situação com que muito natural e corriqueiramente se depara quem traduz de forma habitual. Pois bem, acabei simplesmente abandonando vários destes grupos em que me inscrevera para dar e pedir ajuda de emergência por conta sabem do quê? Exatamente do péssimo comportamento que alguns colegas ali apresentavam. Era chegar com uma consulta ou resposta e aparecerem, em vez de comentários que realmente acrescentassem alguma coisa, brincadeiras de péssimo gosto e em linguagem que não depunha nada a favor de quem a estava empregando, inclusive frequentes xingamentos. E ali eram (ou melhor, são) profissionais, pessoas de quem jamais se haveria de esperar esse tipo de comportamento, ainda mais em público. Pensei então com meus botões: que é que eu ainda estou fazendo aqui? Respondi com ação. Simplesmente me retirei. Ponto.

Agora me surge essa proposta explícita de subir o nível, certamente motivada pelo repúdio a este estado de barbárie que se instalou em certos sites que bem poderiam de outra forma prestar serviços incomparavelmente melhores ao entendimento de coisas, à busca de solução para problemas e à própria satisfação da boa convivência, bem como por uma visão inspirada de que talvez nem tudo ainda esteja completamente perdido, de que ainda se possa recuperar espaços onde a deterioração e a poluição já fizeram estragos suficientes para empobrecer e desumanizar relações que poderiam ser totalmente outra coisa, e coisa muito, mas muito melhor.

Que conseguiremos a curto, médio ou longo prazo? Não há como predizer, nem com bola de cristal. Mas é certo que me disponho a participar desses esforços ainda incipientes e embrionários no sentido visado, o de elevar o nível geral das conversas abertas ao público pela internet. Conseguiremos tanto? Sei lá. A simples oportunidade de me alinhar com quem se propõe a contribuir para a criação ou recuperação de um ambiente virtual mais digno, mais respeitoso, mais acolhedor, onde se experimente bem mais prazer, se sinta bem mais utilidade e orgulho ao participar, só isto a meu ver já vale e longe a pena, não importa que resultados concretos ainda venhamos a obter. E é o quanto me basta. Vivamos e vejamos.