domingo, 12 de abril de 2015

Durante a Parada Do Bonde

Muita coisa aconteceu nesses quase dois anos. De longe, foi o maior intervalo entre duas postagens por aqui. Venho hoje reativar este blog. Um punhado de explicações de cunho necessariamente autobiográfico se impõem. Talvez elas próprias ultimamente me viessem fazendo adiar este momento um tanto acanhado, em que me consulto sobre meu próprio querer ou não, encarar ou não, já que não existe impedimento concreto algum para esta ressurreição da minha vida de blogueiro.
De alguma forma, sinto como se eu agora estivesse reinaugurando o Bonde. Conheço bom número de blogs que após um recesso que se pretendia relativamente curto, simplesmente nunca mais...
Ver o abandono de vários espaços virtuais que frequentei como leitor é uma coisa, fico aqui só imaginando o que teria acontecido e se eu ainda visitarei e verei novidades em cada um daqueles espaços que continuam na blogosfera, para como antes ler, deixar comentários, essas coisas, não é? Agora, chato mesmo é perceber como eu próprio também, sem mais nem menos, abandonei meus blogs sem dar qualquer explicação, nem sequer para mim.
O entusiasmo que me movia a escrever na blogosfera já vai longe. Não me pergunte por quê, que isso eu também não sei, embora ainda tenha intenções por assim dizer proustianas de recuperação do tempo perdido.
O ano de 2013 foi pontuado de problemas específicos, entre os quais pouco trabalho e consequentemente pouco dinheiro e consequentemente acho que nem preciso continuar. Sofri inclusive a perda total de um PC, com tudo o que nele havia sem backup: pesquisas, ensaios, trabalhos da mais variada natureza. Salvou-se apenas o que existia em cópia, na Dropbox, no e-mail em pen drive. Se foi algum vírus ou o quê, acabei nem descobrindo.
No segundo semestre, participei de um treinamento que durou duas semanas num curso de idiomas. Gostei, já não dava aulas fazia coisa de uma década. Precisava mesmo de alguma atualização para “desenferrujar”. Com gosto percebi que havia outros colegas da minha faixa etária entre os candidatos treinandos e até professores que já estavam trabalhando lá. Reencontrei, por exemplo, uma colega de faculdade de cujo paradeiro eu não fazia a mínima ideia há mais de vinte anos. Demoraram um pouco para me chamar, parecia que tinham esquecido de mim, acabei só começando pra valer em dezembro, coisa de três meses após o tal treinamento. Foi um período de agitação, de movimento. Só o fato de estar trabalhando justificava os longos deslocamentos diários em transportes públicos normalmente apinhados não só para ir e voltar como também para transitar entre as empresas onde dava minhas aulas. Foi bem mais irritante e cansativo do que eu me lembrava, mas ganhei um olhar bem mais positivo graças ao ingresso de algum dinheirinho que eu podia ter por mais ou menos certo. Tudo isto durou quinze meses, nos quais conheci pessoas, fiz bons contatos e amizades, exercitei novamente minhas antigas habilidades profissionais, muita coisa boa, mesmo. Só que acabou. Esse tipo de experiência de trabalho normalmente é efêmero, pelo menos comigo sempre foi e as exceções que conheço são bem poucas. Com certeza vou me lembrar de mais essa por um bom tempo.
Comprei outro computador em 2014 (já estou terminando de pagar as prestações) e reiniciei minhas atividades virtuais meio precariamente, pois praticamente já não dispunha mais de tempo. Apareceu então um anúncio da Amazon oferecendo autopublicação numa modalidade que eu desconhecia. Não havia despesas. Era só mandar a obra e eles publicavam. Tive considerável trabalho para juntar o material (a maior parte extraído deste blog) e depois colocar tudo no formato correto, sem saber patavina de artes gráficas. Pelo menos eu entendo bem inglês, o que com certeza foi uma dificuldade a menos. Sei de autores que se viraram com tradução de Google, na mesma situação. Fico só imaginando a dificuldade destes.
Mas o livro acabou saindo. Chama-se Poesia Amadora e Prosa. Está lá, no site
http://www.amazon.com/Poesia-Amadora-Portuguese-Jo%C3%A3o-Esteves/dp/1502736195/
Não empreendi grandes esforços promocionais, ainda. Quem comprar pelo link acima paga $8,38, mais o frete; se for para o Brasil, a compra sai por uns quinze dólares, conforme eu mesmo experimentei, só para conferir.
Nessa linha de autopublicação, descobri outro site chamado Babelcube, um lugar virtual onde autores e tradutores do mundo inteiro se encontram. Fiz meu cadastro e escolhi para traduzir como experiência o trabalho do americano Justin Sachs chamado How To Publish Your Book. Fiz assim uma primeira tradução, que entreguei no dia 4 passado. Ainda não tenho notícias, mas ainda é cedo, pois o processo inteiro que vem depois da entrega da tradução pode realmente demorar um pouco.
O fato é que agora já sou um autor publicado e ainda tenho um considerável campo novo para explorar como tradutor. Tudo graças a essas novidades de que talvez sequer tomasse conhecimento se tivesse perdido de uma vez por todas o contato com o mundo virtual.
Chegou enfim a hora de reativar este blog, e a presente postagem bem pode significar um reinício de atividade virtual intensiva. Pelo menos assim espero. Fico aguardando direitinho como ficava em outros tempos a possível chegada de leitores que aqui deixem seus comentários. O Bonde volta a circular como outrora, antes desse longo recolhimento, mas tudo agora me parece novo. Sinto-me como a conduzi-lo em sua viagem inaugural.