Imagino a quantidade de material escolar produzida e distribuída em todo o território brasileiro em 2010. Não disponho aqui e agora de nenhuns dados estatísticos, mas é certo que foram vários milhões de estudantes, o que significa um volume impressionante de material lamentavelmente inútil, que jamais chegou a ser usado para o fim a que inicialmente se destinava.
Pessoalmente inclusive, observei um bom número de livros escolares que em dezembro ainda pareciam praticamente intactos na casa da maioria dos estudantes que conheço. Nem eles mostravam qualquer sinal de ter sido realmente usados, nem seus respectivos donos apresentavam o menor sinal de neles ter aprendido fosse lá o que fosse. Eram estudantes ‘normais’, em cuja rotina não existe a mínima chance de se incluir algum tempo dedicado a realmente estudar. No máximo, alguma consulta é feita imediatamente antes das avaliações periódicas, quando o material pode conter algo a ser colhido ali muito a contragosto, por necessidade ou desespero.
Quantos livros didáticos foram completamente relegados ao esquecimento durante o período letivo? Não sei quem, se alguém, tem os números, mas é certo que foram lamentavelmente muitos. Eu diria que a maior parte deles. E o resultado é alarmante. Esta generalizada negligência coletiva facilmente se vê refletida no obviamente pouco que de fato aprenderam os estudantes, em todos os níveis. A pobreza, a insuficiência dos conhecimentos acumulados por eles salta aos olhos.
Quem haveria de estranhar o fato de médicos, dentistas, padeiros, pedreiros, enfim todos os trabalhadores em atividade realmente usarem seus respectivos materiais e instrumentos de trabalho de maneira intensiva e em base diária? Ninguém, pois isto é absolutamente normal. Isto é bem o que de todos eles se espera. Nem se compreende que assim não seja.
Agora, por que cargas d’água então estudante que realmente estuda virou coisa tão rara?
Um doce pra quem souber.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
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