quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

23 de Janeiro

O desembarque de D João VI e família real na Bahia deu-se em 1808, exatamente a vinte e três de janeiro. Faz exatamente 204 anos. Também o abalo sísmico que fez o maior número de vítimas fatais da história deu-se nesta data, em 1556, e atingiu as províncias chinesas de Shaanxi, Shanxi e Henan, causando a morte de 830 mil pessoas. João Maurício de Nassau chega ao Recife em 1637. Fundação do Instituto Butantã (São Paulo, Brasil,1901). Em 1997 entra em vigor a cobrança da CPMF nas movimentações bancárias no Brasil e o então ator global Guilherme de Pádua é condenado a dezenove anos de prisão pelo assassinato da atriz Daniela Perez. Nasceram Grigori Rasputin, místico russo (1864 – m. 1916); Deolindo Amorim, propagador do Espiritismo no Brasil (1906 – m. 1984); Django Reinhardt, músico belga (1910 – m. 1953); Jeanne Moreau, atriz francesa (1928); Joãozinho Trinta, coreógrafo e carnavalesco brasileiro (1933 – m. 2011); João Ubaldo Ribeiro, escritor brasileiro (1941); Vital Farias, cantor e compositor brasileiro (1943); Henrique da Costa Mecking (Mequinho), enxadrista brasileiro (1952); Princesa Caroline de Mônaco, princesa monegasca, filha do Príncipe Rainier (1957); entre outros notáveis. Morreram o Marquês de Sapucaí (1875 – n. 1793); Salvador Dalí, pintor espanhol (1989 – n. 1904); entre outros.

Pincei estes dados meio aleatoriamente na página do dia da Wikipédia. http://pt.wikipedia.org/wiki/23_de_janeiro

Mas vinte e três de janeiro é data gravada indelevelmente em minha outrora tão boa, hoje tão má memória, por motivo outríssimo. Neste dia e no meu ano nasceu uma amiga bióloga e tradutora cujo paradeiro atualmente ignoro, e também uma amiga da minha filha de quem falo aqui, chamada Maybell, que tem um filhinho chamado João e agora espera outro, como soube pelo Facebook, mas principalmente foi o dia em que nasceu Danusa, que não é (pelo menos até agora, que eu saiba) famosa nem virou verbete de nenhuma enciclopédia. Lembro ainda claramente como foi difícil o parto. Eu estava com vinte e três. O ano: 1980.

Em idade escolar, Danusa lembrava a Mônica do gibi e seus colegas eram uns Cebolinhas, Cascões e companhia. Só faltava o coelhinho.

Outra recordação dessa época é ela chorando, e exatamente assim explicando seu medo de pular uma poça d’água: “Eu sou estabanada!”

Mais crescidinha, revelou um certo talento dramático que sempre admirei babosamente, agregue-se aí um pouco de corujice minha, vá lá, mas enfim um talento. Fazia imitações muito boas, que sempre foi atenta observadora de trejeitos pessoais em praticamente todo mundo. A única vez que fui a um teatro sem qualquer informação sobre a peça nem a direção nem nada foi no Teatro do Sesc. Eu só queria ver subirem ao palco duas atrizes de idêntico DNA. Vi-me por assim dizer inteiro naquele palco, cinquenta por cento em cada uma daquelas duas atrizes jovens, belas, talentosas, bem deixa eu parar de desfilar adjetivos pra elas aqui porque meu vocabulário todo fica pobre pra refletir todas as boas qualidades que nelas eu via e continuo vendo.

Estaria Danusa já pelos quatorze, quinze anos, quando lhe perguntei de que maneira ela queria ser feliz na vida. Nunca mais esqueci. Segundo sua imaginação adolescente, dava muito bem pra ser feliz “pilotando” um fogão, cuidando da casa, das crianças (no plural, mesmo), essas coisas. Só? Só. A simplicidade daquela resposta me impressionou profundamente. Achei-a sábia. E logo eu, que torço até pela felicidade de pessoas que nem sequer conheço ou até pela de quem não gosto mesmo, quanto mais então pela dela, que eu amo
anos-luz mais do que dá pra dizer
.

Num dos livros do Velho Testamento, o dos Provérbios, no capítulo 14, verso 1, lê-se: “Toda mulher sábia edifica a sua casa; ...”.

Pois a (pra mim) principal aniversariante do dia cursou filosofia na UFRJ, pedagogia na UERJ, tudo isso enquanto trabalhava na Funarte (uns dez anos ao todo), mas sua vida agora é bucólica, com suas lindinhas Olívia e Violeta.

O número de vezes que a vi nessa última meia dúzia de anos, do casamento dela pra cá, dá pra contar nos dedos. E sobram mais dedos do que os contados. Ela ficou morando naquele lugar que achei muito, mas muito bonito, longe dos meus olhos, no interior de Minas.

Feliz, como muito improvavelmente ainda se lembre hoje que um dia me disse que queria ser, mas enfim feliz, isto é o que importa, e eu gosto muito de saber que assim é.

Feliz aniversário, querida.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Toque mais, Toca!

Acho-me imbuído de uma agradável esperança, por assim dizer, pra este ano ainda pirralho.

Se na área das finanças ele não for pra mim bem melhor do que foi o defunto fresco seu antecessor, tanto pior, a essa altura do campeonato, mas ainda assim o mundo garantidamente continuará com seus movimentos habituais de rotação e translação e todos os etcéteras que venham ao caso, com muita coisa boa ainda reservada, apesar do perigosamente provável desequilíbrio entre minhas colunas pessoais do deve e do haver. No entanto, até pra isso deve haver alguma saída.

O que agora contemplo com o maior otimismo é o que este ano promete representar pra meus castigados ouvidos. Sim, porque pelo visto será um ano musical, com bastantes instâncias de agrado pra eles.

Tive a oportunidade de finalmente conhecer meu neto Victor, filho de outro Victor, meu filho. Embalei-o e o pus a dormir cantarolando as mesmas velhas canções que também cantarolei pra outros bebês. Parece que os bebês realmente apreciam que se cante pra eles, mesmo que se tenha voz de barítono. Por sorte minha eles nem são lá muito exigentes quanto à qualidade técnica do canto, o negócio é só cantar, mesmo.

Em seguida rumei pra Copacabana, neste último dia 31, e conheci algumas pessoas, revi inclusive um artista em formação que é apenas dois anos mais velho que meu primeiro neto. Em família chamam-no de Toca, ou Toquinha, suponho que desde sempre.

Vimos da multidão na praia a tradicional queima dos fogos, fui depois disso dormir onde tenho escova, toalha e chinelos e ao cair da tarde do primeiro dia deste ano visitamos esse jovem pianista. Havia apenas cinco almas presentes: ele, seus pais, a tia dele pelo lado materno e eu. Cinco almas pra quem boa música surte igualmente bons efeitos. Ouvi-lo mostrar tão descontraidamente seu variado repertório foi tão agradável, que pouco faltou pra nós todos esquecermos que o dia seguinte não seria feriado, não.

Hoje pra mim está sendo outro marco biográfico, meu filho mais novo acaba de completar dezoito anos. Daqui pra frente, já não tenho mais filhos menores. E viva a maioridade!