quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

E Agora, Mulher?

Diga-me, pois então, o que mais poderia significar aquele sorriso alumbrado, com aquela tão conspícua, tão genuína alegria que logo ao me ver você abriu, como um presente especial que exclusivamente para mim guardara, e me entregava com todos os requintes de naturalidade, caso contrário, ficarei indefinidamente com a única interpretação que naquele instante me ocorreu como possível.

E seu olhar, como a espelhar bem lá do fundo da própria alma aquela indisfarçada satisfação absolutamente doadora e absolutamente feliz, o que mais poderia significar? Diga-me agora, se não estiver integralmente correta a única conclusão que para mim foi possível tirar.

Ao desnudar-se, corretamente quase nem um pouquinho encabulada com nada, naquela incalculada vagareza que queria dizer - e dizia - tanto, tanto, você era um só clamor, tácito e uníssono, em ré maior: É TUDO SEU! Foi ou não foi? É ou não é?

Tudo terminado, novamente você naquele mais-que-perfeito, todo elegante recompor-se, ainda com aquele mesmíssimo sorriso irradiante, aquele mesmíssimo olhar que já no semblante denunciava uma serena saciedade profundamente inculpe, ambos perfeitamente ainda disponíveis, perfeitamente ainda meus, ainda lá, em você, decerto que para ficar, de recordação, comigo. Claro, ficaram sim.

Todos os inequívocos desmentidos que porventura você ainda venha a me fazer, ainda que com igual ou maior eloquência, em gestos, e atos, e palavras quer implícitas, quer proferidas em alto e bom som, terão de valer, também, pela força da verdade que encerrarem, quando (e se) você os fizer, mas só para deste futuro então por diante.

Em tal caso, no entanto, você poderá tomar como pra lá de certo que ainda será de alguma forma grata em minha lembrança a evocação de que um dia, sem saber nem suspeitar que pudesse ser mais uma das incontáveis mentiras acreditadas, eu tive por expressão da mais pura verdade, de tão verossímil que tudo quis afigurar-se-me nesta afoita conclusão atual, a de que você verdadeira, inquestionavelmente me ama.

39 comentários:

☆Lu Cavichioli disse...

E agora João?

Ficou difícl comentar o texto, visto que a escrita, exímia, dificulta para esta que vos fala. Porém arrisco um palpite:

Agora, a mulher , te deve explicações, posto que a declaração de amor é fulgurante nas edntrelinhas.

Belíssimo texto.
Abraços e aplausos

João Esteves disse...

Este post chega bem ao Blogspot, tendo você por visitante e comentarista inaugural.
Que bom!
Você menciona um fulgor interlinear que talvez persuada minha personagem a me dar as explicações de que fala.
E se ela me der mesmo? Aí a dívida será toda minha. Impagável, Lu.
Abraços

Unknown disse...

Meu caro amigo na minha simplicidade imagino que ela realmente te ama pela narrativa esta implicito.

João Esteves disse...

Ler implicitudes é saber ler em bem alto nível, Antonio Paulo.
Uma explicação usual para o que é ter perspicácia é simplesmente: ir além do óbvio.
Sua leitura desse texto é perspicaz.

Forte abraço.

Parapeito disse...

...Gostei de ler :)) e em vez de E Agora ...penso...que resposta terá ela dado ??

Gosto sempre de o ver no parapeito...mas uma perguntinha....Porque me chama Ana ?
Sou Maria....Maria Lobos...um abraço****

João Esteves disse...

Maria, minha estimada Maria. Honra-me e alegra-me sempre subidamente receber você.

Sabe de uma coisa, eu bebi o poema que você apresentou lá no Parapeito em hora que já me achava totalmente bâbado de sono, e some-se a ambos os porres que tomara até o momento de fazer aquele comentário o fato de que minha memória - ainda quando sóbria - é prodigiosamente vacilona, levando-me a fazer dessas incontáveis (e lastimáveis) confusões com nomes e outros dados.
Não se zangue por favor, se acontecerem outros cochilos quejandos meus, e por favor aceite as explicações os meus pedidos de desculpas até 490 (setenta vezes sete vezes). É uma recomendação do novo testamento, para cujo cumprimento você talvez precise do dom de uma figura do velho testamento: Jó.

Perdoe-me o lapso, Maria Lobos (que vai com os ajeticos mariana e lupina, como pude confundir-me?).

Ah, a personagem do texto foi diretamente perguntada e em vez de uma afirmação (êêê!)ou uma negação(oooh!), declarou-me uma posição agnóstica(iiih!). Disse-me que na verdade não sabia. Fiquei então sabendo isso. Ela não sabe.

Eu me considerava igualmente preparado tanto para um sonoroso sim como para um incisivo não. Veio-me mais um inesperado daquela caixa de surpresas, todas elas sempre muito boas.

Lulih Rojanski disse...

Um primoroso texto em prosa sobre o amor é o que há de melhor para leitoras como eu, que estão sempre à procura de delicadezas sobre a essência feminina. Belíssimo texto. Tenha um sábado encantado neste bonde que passeia por nossas almas. Um abraço.

Anônimo disse...

João

Eu havia comentado esse poema mas no instante em que enviei há uns três dias a conexão caiu e somente agora vi que não havia sido enviado.
Esse texto é muito intenso. Fico pensando que a mulher agora terá que dar uma resposta à altura dele. Talvez ela repita a cena pois as palavras podem deixa-la seduzida fazê-lo.Você não perdeu nehum detalhe , seu olhar estava lá perscrutando os movimentos sedutores dela. Ela é uma mulher especial e tomara que dê continuidade a esse desnudamento.

mundo azul disse...

__________________________________

Seu texto é envolvente!

Que encontro nota 10!
Tomara que a esse, sigam muitos outros, tão ou mais encantadores...

Beijos de luz e um domingo feliz!!!

___________________________________

João Esteves disse...

Lulih, que graciosas achei suas palavras aqui! Sou todo agradecimentos.

Meu coração acolhe e retribui afetuosamente este abraço virtual por você deixado.

João Esteves disse...

De certeza, Rose, eu espero que você tenha acertado quanto à resposta dela. Você saberá, de qualquer jeito. Na qualidade de minha parceira poética, terá informações que a você chegarão levadas pelo ar, por bastante "íntimas asas". Prometo.

João Esteves disse...

Obrigado, Zélia.

Nada melhor que a concretização muitos outros intensamente desejados encontros igualmente nota 10, como você disse, não resta a menor dúvida. Até o limite de minhas possibilidades físicas, entende-me?

Beijos e luz pra você, também.

RENATA CORDEIRO disse...

O que posso dizer de um texto tão bem construído? Só quem o sabe escreve, o escreve. Um parágrafo está tão concatenado logicamente com o outro que nos provoca uma sensação de suspense. Vc terminou o texto porque quis, pois se quisesse continuá-lo, a coisa iria longe. Muito bom. Parabéns.
Amigo:
Foi a duras penas que consegui fazer um post no Galeria, pois a diabete está acabando comigo. Por isso, gostaria que fosse apreciá-lo e que deixasse a sua opinião.
Um abraço,
Renata

João Esteves disse...

Reparando bem, Rê, o texto prossegue nos comentários, amplificando-se nessa interação com quem lê, que sempre vem a adorná-lo e enriquecê-lo de tantas maneiras.
Entristece-me a notícia sobre seu desconforto ligado à própria saúde. Só posso torcer por você neste particular e admirar babosamente sua obstinação criativa, cujos frutos conheço bem e muito aprecio, mesmo.

Anônimo disse...

Gostei (muito!) daqui.



Abraços, flores, estrelas..

João Esteves disse...

Recebidos e retribuídos os abraços, as flores e as estrelas, Edson, com meus agradecimentos pela visita e comentário.

RENATA CORDEIRO disse...

Amigo:
Venho dizer-lhe que o Blog Poemas, Canções, Teatro, Óperas e Afins não existe mais. Todas as minhas poesias foram transferidas para o Renata Poemas:
http://poemas-renata.blogspot.com
Ontem, começei a publicar os inéditos, mas também vou publicar os que já havia publicado.
O Poemas e Canções agora se chama
Sessão da Tarde, onde publico sobre filmes, mas de uma forma diferente do galeria:
http://sessao-tarde.blospot.com
Um abraço,
Renata

Tere Tavares disse...

João,
A importância das fontes das sensações, insere uma proposição de felicidade, quando não,e ainda assim, haverá como sorrir.
Abraços

João Esteves disse...

Terê, você tem incrível poder de síntese e diz sempre mais do que o que vai na superfície lietral das palavras. Encantador seu sorridente comentário, memoravelmente encantador.
Abraços.

RENATA CORDEIRO disse...

Meu amigo, mesmo capegando, postei no Galeria e a convido a apreciar o meu post. Transformei um dos meus Blogs em Blog Sessão da Tarde:
http;//sessao-tarde.blogspot.com
Mas vá ao Galeria primeiro, senão ele fica às moscas.
Um abraço,
Renata

Dina disse...

O mundo gira,
mas, apesar disso, pessoas especiais como você
continuam sempre no mesmo lugar;
no meu CORAÇÃO!!!
Beijos de carinho....
Dina

João Esteves disse...

Renata, você continua um estrondoso (e bem merecido) sucesso da blogosfera com seus excelentes posts, não existe isso de blogseu às moscas.
Tenho estado meio ausente, eu sei, nós sabemos, mas é coisa temporária.

João Esteves disse...

Como vai, Dina?
Sempre é um grande prazer para mim recebê-la ou visitá-la - o que venho fazendo com bem menor frequência do que gostaria.

Obrigado pela cordial acolhida, que tem integral reciprocidade.

Ich liebe dich, auch.

Beijos mui carinhosos.

RENATA CORDEIRO disse...

Ai, que lindo! Fui lendo, me envolvendo, pensando no que ia dar, e a conclusão é de que ela te ama! Isso é muito lindo!
Meu amigo, faz tempo que não nso teclamos.
Vim fazer-lhe um convite, pois acabo de publicar a resenha de um filme no GALERIA, e gostaria que você apreciasse o meu post e deixasse a sua opinião. Mas é no GALERIA. Estou à sua espera.
Um abraço,
Renata
PS: Vai lá, me deu um trabalhão!

mundo azul disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joice Worm disse...

Fiz uma homenagem a ti no Pequeno Milagre... Não vais acreditar...

João Esteves disse...

Joice, acabo de tomar conhecimento disso por e-mail e estou indo lá mas já deixo aqui meus agradecimentos.

Lulih Rojanski disse...

Oi, Neo, ótimo texto para reler no dia internacional da mulher, mas queremos mais, mais palavras doces, lúdicas, sensualidades... Um beijo e bom domingo.

João Esteves disse...

Obrigado, Lulih. Mais textos estão a caminho, de certeza. Um beijo e bom domingo pra você também. E que o dia instituído como comemorativo da mulher lhe valha, como tal.

Parapeito disse...

tendo ja deixado comentário..aproveito a viagem para deixar um abraço e dizer que espero que esteja tudo correndo bem ***

Dina disse...

Obrigada amigo, pela sua visita e comentário...
Gosto quando além de me visitarem comentem sobre o que postei....alíaás, rsrsrrs acho que quase todos gostam de ver suas postagens comentadas....
Uma declaração de amor... que se desnunda, é algo a se pensar....
Bjs..
dina

João Esteves disse...

Abraço afetuosamente recebido e retribuído com os agradecimentos pela visita, Maria.

João Esteves disse...

Pois é certo, Dina, todos nós na blogosfera gostamos. Achei de bem interessante fineza sua observação sobre o presente texto. Gratificante, em resumo.
Beijos

Zilda Santiago disse...

Excelente o texto.Narrativa perfeita e inteligente.Vi a cena e adorei.Que o momento se repita sempre.Beijão.

João Esteves disse...

Obrigado, Zilda, por sua presença neste bonde. Bom tê-la por passageira.
Beijos

Denise disse...

João, vejo que reencontrei nao so vc mas varios amigos blogueiros do GO, sinto saudade de lá...
mas que felicidade em rever, reler e entao de novo me encantar, muito mais com E agora, mulher??" bela pergunta com uma resposta infinitamente mais bela ha que se supor!!!
Encantada...sempre.

Bjs muitos

Denise

João Esteves disse...

É com grande alegria que torno a anfitrionar você, Denise, agora neste outro espaço virtual. Sim, um bom número de egressos do GO para aqui migraram e foram reencontrados.
Obrigado pela (re)visita e um brinde ao reencontro!
Beijos

Milene Lima disse...

Ele a fitava enquanto falava... Ele a fitava com olhar devastador.

Uau! Por onde andei que não li esse texto antes, meu caro João?

Beijos, e abraços, e beijos.

João Esteves disse...

Obrigado, cara Milene, sua leitura é bem sensível, e isto confere prazer ao autor.
Beijos, e abraços, e beijos.