sábado, 20 de junho de 2009

Do Contra

Sou contraponto
contrarregra
contrapiso
contra tudo
que é motivo
pra me desassossegar.

É, dignifica
trabalhar,
e ao fim de todo
santo mês
o resultado
indignado
me deixar?

O contracheque
mais parece
nada consta,
atestado
de pobreza
pela dura
ralação.

Pois toda essa
dignidade
tão barata
mais valia
ser chamada
de uma vez
escravidão.

Não tem saída
pois correndo
bicho pega
e ficando
não dá outra
brincadeira
não é não.

Problema mesmo
nem é tanto
por aquele
malfadado
particípio,
você sabe,
mas a parte
do e mal pago.
Essa não!

50 comentários:

chica disse...

É verdade! É dura essa vida...rsrssr E os últimos versos então retratam a situação muito bem, enquanto isso, o mordomo da Roseanne ganhando 12 mil às custas do senado...è issi !abração,chica

Anônimo disse...

Você é, literalmente uma pessoa do contra.
Do jeito que as coisas andam, todos nós continuaremos neste desassossego por um bom tempo.

beijos

Nanda Assis disse...

maravilhaaa rsrs.

bjosss...

João Esteves disse...

Pois é, né?
Obrigado pela visita, Chica
Um abração

João Esteves disse...

Pior de tudo, Sam, é que todo esse desassossego é um mal absolutamente necessário.
Beijos

João Esteves disse...

Estava com saudades de visita sua aqui no Bonde, Nanda, mas faz um tempão que também não visito o seu blog. A gente por ora vai se virando por aqui, só com as migalhas de tempo livre, como dá pra ser.
Beijos

JMMEE disse...

João,
With the neccesity of trying to translate this with a dictionary, I am doubtful I have the gist of what you have written - I "think" perhaps the frustration with work, economy, income?
If that is so, I can only say that I pray the Lord will grant you relief from the stresses and provide adequate income well worth your work and effort.
Blessings

João Esteves disse...

What a beautiful thing to read, Marna.
"Do Contra' is a text where I try to make fun of the worthlessness of working.
There's wordplay with contraponto (from music), contrarregra (from drama) and contrapiso (from architecture), respectively stating at the same time I'm against the timebook, I'm against rules and I'm against being paid by the prevailing minimum rates. Though untranslatable, I think people who work the world over must feel about the same.
It was touching to hear of your praying intention. Praying can only do good and in this sense will always be welcome.
Please do, Marna.

Ana Guimarães disse...

O poeta João entende tanto de realidade quanto de ficção, parabéns!
beijos

Alice disse...

Muito bom...muuuuiiiiittooooo bommmmmmmmm !!



bjuss

Joice Worm disse...

Conselho:
(Apesar de dar só a quem pede...)
Trabalhe. Não pense no valor que lhe atribuem.
Você mais que ninguém, sabe o quanto és precioso, amigo!
Beijos da Joice

João Esteves disse...

Ana, na verdade esse texto tem algo de autobiográfico, sim. As pessoas que trabalham (e é bem meu caso) com raras exceções acham-se mal pagas. Esta, a realidade da esmagadora maioria.
Obrigado, beijos

João Esteves disse...

Pois é, Alice. A gente brinca um puco pra não chorar, nesses tempos difíceis, que nem só de crises faz-se a vida.
Beijos

João Esteves disse...

Coberta de razão, querida amiga Joice. A gente vai trabalhando, sim. A ponto às vezes de não conseguir fazer praticamente mais nada. Mas a gente vai levando...
Beijos

Menina do Rio disse...

Em contraponto, há contratempos que contrariam, indignando-nos no mal-fadado viver.
C'est la vie...

João Esteves disse...

Que prazer anfitrionar você aqui, menina. Sei que não me esqueceu, assim. Obrigado.
Beijos

Anônimo disse...

João

Esse poema é magnífico.
Reler essa obra é um privilégio.

beijos

piccola marcia disse...

de contra em contra
e contracorrente
constrói-se uma vida
num todo coerente

contacorrente
não é o que mais conta
em toda a riqueza
de nossa boa gente...

João Esteves disse...

Obrigado, Rose. Beijos

João Esteves disse...

Pois é, Piccola. Concordo integralmente. Somos ambos do contra, nesse sentido, pois para a grande maioria o que conta são diferenças quantificáveis, por exemplo a conta corrente. É com tristeza que nessa "corrente" vejo os grilhões das preocupações materiais. É bem verdade que para viver tem-se de ter algum dinheiro. Só recuso-me a acreditar (como parece que tantos acreditam) que a única forma de viver bem seja ter muito.
Beijos.

Tere Tavares disse...

João,
A relação capital/trabalho nunca foi um mar de rosas (pra ser leve...) desde que o mundo é mundo. Há que protestar sim, seja em verso ou greve, grave entretanto, é perceber ao longo da história que pouco ou nada muda.
Beijos

João Esteves disse...

Verdade, Terê. Desde que o mundo é mundo. Pior é que talvez protestar continue sendo coisa de pouca eficácia enquanto o mundo for mundo. Não sou contra ninguém ganhar bem desde que respeitada a devida licitude, claro que não. Só não posso ser a favor de os que ganham mal ganharem tão mal. Casos há, todos sabemos e conhecemos, em que o resultado de um mês de trabalho nem pra comer dá. É nessa ponta que há que se fazer algo, não?
Obrigado.
Beijos

Unknown disse...

Gostei muito. Sincero, digno, bem humorado, com poucas palavras, certeiras. A imagem do cheque como atestado, é uma daquelas que nos faz dizer ... Ah!
Essa é a principal função do poeta. Despertar. Grande abraço.

João Esteves disse...

Djabal, obrigado pela generosa leitura.
Saber de sua declarada apreciação é-me particularmente incentivador.
Volte sempre que quiser.
Grande abraço.

mundo azul disse...

_______________________________

Seu desabafo rendeu um "poemão"!

Gostei demais da fluidez desse poema... Beijos de luz, o meu carinho e a minha saudade!!!

___________________________________

João Esteves disse...

Sempre carinhosa, sua visita, Zélia. também já sentia saudades. Obrigado. Beijos.

Pedro Du Bois disse...

Caro amigo, excelente a exploração do texto (do texto!!). jóia rara. abraços, Pedro

João Esteves disse...

Você é poético até em seus comentários, Pedro (v.g. "exploração do texto (do texto!!)").
Obrigado.
Forte abraço.

malurissatto disse...

João, escrevi um e-mail para vc mas, não foi, gostaria que desse seu e-mail.Quero falar sobre o post no qual dei enfase ao cigarro.
Bjs.

João Esteves disse...

Malu, você pode endereçar corretamente e-mail para o endereço
joaoestevesalves@gmail.com
Sempre é muito bem vinda toda comunicação que parta de você.

Anônimo disse...

Muito legal sua poesia!Trata com humor de uma dura realidade!Abraços,

João Esteves disse...

Anne, obrigado por sua visita.
Bem vinda ao Bonde.
O mais duro dessa realidade agora é que além de ser a minha, também é a de outros, muitos milhões de pessoas.
Abraços.

Eloah Borda disse...

Obrigada pela visita e por teu comentário - ótimo incentivo para que, como eu, está começando. Valeu.
Abraço.

João Esteves disse...

Bem começado já é meio caminho andado, Eloá. Já é.
Um abraço

Márcia Sanchez Luz disse...

João, tem mesmo é que ser do contra, viu? Um barato este seu poema!!

Obrigada pelo carinho de suas palavras no Repercussão Literária.

Abraços

Márcia

João Esteves disse...

Interapoiamo-nos assim em nos visitarmos, nos recebermos. E o diálogo interblogs se dá. Perfeito, Márcia.
Abraços

Canta AMBiente disse...

PARABÉNS!! Vejo que você agrada multidões com zilhões de comentários!!!
Que bonito!!
Angélica

João Esteves disse...

Angélica, que agradável receber também aqui sua visita!
Obrigado.

Desnuda disse...

Verdade, João... Mal pago e...É demais! Rsrs. Dura vita amigo, em maioria crescente.


* Se não viesse aqui hoje, te juro que ia ao espelho brigar comigo! Oww, que amiga mais enrolada! Rsrs




Beijos, querido.

João Esteves disse...

Pode até brigar com você mesma como exercício, Sam.
Eu é que não tenho esta opção. Ou até a tenho, mas se fizer isso, aí é que estarei mesmo ... e mal pago.
Os motivos pra brigar comigo mesmo são tantos (também, quem se encarregue de brigar comigo é o que não falta, nem preciso dar-me o trabalho).
Obrigado, Sam
Beijos

Lesma de sofá disse...

Eu bordei pra uma amiga uma frase sensacional do Maguila: "O trabalho danifica o homem".

Adorei teu blog
beijão

João Esteves disse...

Obrigado, Lesma de Sofá, pela visita e comentário.
Assim, ficarei conhecento mais um blog, o seu, que já já visitarei em retribuição.
O Maguila sabe como ninguém que o trabalho danifica, e o dele então, literalmente.
Só que depois da fama ele passou a danificar-se com boas compensações financeiras, o que já conforta bastante.
Beijão, ciao.

Salete Cardozo Cochinsky disse...

Olá, bom dia e semana
Que bom cheguei aqui.
A poesia para amenizar aquilo que não se pode mudar do lado de fora.
Parabéns pelo encontro da via de comunicação e redirecionamento dos afetos.
Um abraço

Anônimo disse...

Oi sumido??
O poema continua lindo e o bonde ...andando....a favor?? ou contra??

João Esteves disse...

Continuo "do contra", claro, no sentido a que estes versos aludem. Mas o bonde ainda anda, e claro que a favor, sempre.
Sua prestigiosa visita é incontestável prova disso.
Beijos

João Esteves disse...

Salete, que admirável a fineza de sua observação.
Quanto à referência ao "redirecionamento dos afetos" você acerta em cheio. Só posso então agradecer-lhe as muito bem vindas felicitações.
Um abraço.

Ricardo e Regina Calmon disse...

Bonde esse especial é!
De hoje em diante no estribo dele estarei!

Te abraço!

Viva Vida!

João Esteves disse...

Bem vindo então ao bonde, Ricardo. Esteja sempre à vontade, aqui como nos demais blogs e quaisquer espaços virtuais meus que de seu conhecimento sejam.
Abraço.

Luísa Nogueira disse...

Ralação, ralação, ralação... Essá é a 'missão' do professor, amigo!
João, passei também pra lhe dizer que você está nas nossas duas listas: De 'ParceirosAmigos' e de 'BlogsAmigos'. Um abraço,
Luísa

João Esteves disse...

Luísa, obrigado pelo passeio de bonde. Assim, ele anda melhor, com passageiros que têm elevados objetivos. O bonde aqui pelo menos não é ecologicamente predador. É do tempo em que havia bondes a tração animal. Sempre muito bem vinda.
Abraços.