segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Combustível

Isso que faço, esse verso
Espero ser compreendido
Como bastante modesto
Em todo e qualquer sentido

Em vez de Himalaia, duna;
De boa tinta, má cal.
Nada de fazer fortuna
Quer crítica, quer real

Quero apenas, a contento
Um pouquinho divertir
Não nutro qualquer intento
De um monumento erigir

Nem sei se essa minha obra
Vai ter número de tombo
Monumentos, tem de sobra
Cheios de caca de pombo

E você, leitor, nem queira
Fazer qualquer grande achado
Qualquer eira, qualquer beira
Nos versos de pé quebrado

Desiludo já de cara
Quem procura universal
Aqui. E o tempo não pára
Nunca, por bem nem por mal

Agora, diga pra mim
Quem foi que mandou me ler
Ciente que sou assim
E tendo mais que fazer?

Não diga! Estou lhe agradando?
Então não é sem querer
Pois quero, mas por enquanto
Com certeza é sem saber

Posso ter qualquer traquejo
E qualquer habilidade
Mas nada que dê ensejo
A ser, na posteridade

Lembrado por uns escritos
Na certa abaixo da média
Dos que serão incluídos
Em qualquer enciclopédia

E freqüentam lá seus grêmios
Com pretensões a granel,
Os literatos de prêmio
Do mais chué, ao Nobel

Não viso consagração
E nem essa tão vã glória
A vida, essa droga, eu não
Deixarei pra entrar na historia

Fez sentido esta alusão?
Surpresa, e também vitória
Pra mim, a contradição
De o país não ter memória

Memória, mesmo ruim
Até que ele tem. Mistério
É como um gigante assim
Consegue até não ser sério

42 comentários:

Desnuda disse...

Amigo, basta fazer a nossa história. E como dá trabalho! Rsrs.


Bom te ler, sempre.


Beijos e meu carinho.

chica disse...

Lindo e bem construído teu poema.um abração e que teu dia seja lindo!chica

Me chamo Elizabete. Sou conhecida como Beth e decidi fazer este Blog para deixar arquivado aqui as pregações feitas na minha Igreja e editadas por mim. São meditações da Palavra do Senhor para a vida. disse...

Olá Neo
Gostei dos versos de "pé quebrado".
Mesmo que a gente não fique na história desse povo de memória fraca, por alguém haveremos de ser lembrado.
Principalmente em meio a rimas e versos!
Beijos

João Esteves disse...

Desnuda, foi alegre surpresa vê-la como comentarista inaugural deste post.
Beijos e carinho retribuídos

João Esteves disse...

Obrigado, Chica. Sua apreciação é imensamente incentivadora. Lindo dia pra você também

João Esteves disse...

Você diz "por alguém haveremos de ser lembrado", só posso ajuntar:? Que Deus a ouça, Beth.
Beijos

piccola marcia disse...

ao tempo que nunca pára
João, preste atenção
você é uma ave rara
e ele te dará razão

ciente que é assim,
mesmo com tanto a fazer,
te leio agora sim
num momento de lazer

o bonde segue agradando
os ilustres passageiros
fique aqui, por enquanto
tão querido timoneiro

João Esteves disse...

Ilustre passageira, que alento pra mim, ler seu comentário em redondilhas maiores!
Chic, c'est le moins qu'on puisse dire.

Zilda Santiago disse...

Adorei!!!!!!!!!!!!Belas colocações.Beijo no coração.

João Esteves disse...

Obrigado, Zilda.
Beijos no seu também

Anônimo disse...

João

Uma construção assim tão despretensiosa , acabou por me deixar atônita em meio a tantas rimas, versos e um sentido exato de um poema quase que profético.

um beijão

João Esteves disse...

Obrigado, Rosemari.
Você é a primeira experimentadora clínica da ainda embrionária lexicoterapia, em que não consigo pensar senão com muito carinho.
Estaremos trabalhando juntos na fundação do corpo teórico desta futura disciplina.
E o bonda vai andar mais amiúde, com combustível como este, vez em quando.
Beijão

Anônimo disse...

Vou adorar participar dessa experiência.

João Esteves disse...

Isso mesmo, Rose. Mãos à obra, então. Frutos advirão, tudo a seu tempo.

Graça Lacerda disse...

Neo, meu querido!!!
Cheguei atrasada, mas consegui alcançar o bonde...
Estou ENCANTADA
com teus versos
com tua sensibilidade pra lá de aguçada
e com a maestria com que escreves, homem de Deus!!!
Mas diz: é teu primeiro poema?
Tu és um VISIONÁRIO, neo, eu nunca tive dúvidas disto!
Parabéns, parabéns, parabéns, meu amigo.
E estejas certo, algum dia, em algum lugar, alguém ouve a gente, sim! Eu sei que ouve.
Um forte abraço a ti.
E não pares, por favor.

João Esteves disse...

Obrigado, Graça, pela sua altamente incentivbadora apreciação.
Não me defino como poeta. Sou um versejador de horas vagas.
Horas vagas, aliás, é o que nunca tenho atualmente.
Desengavetei este escrito antigo de uns três anos pelo menos para fazer andar aqui o Bonde.
Forte abraço, amiga.

Elika Takimoto disse...

Che bello, ragazzo!!!!

Che bello!!!!!

Tu sei molto bravo com le parole.

bacione

João Esteves disse...

Grazie!
Anche tu, Elika.
E moltissimo mi piace sapere questo, vedere questo.
Bacione

Ricardo e Regina Calmon disse...

Bonde esse,não dá vontade de dele sir nunquinha,Meu Bom Amigo João!
Te ler migo,inanarrável é!

Viva La Vida!

Tere Tavares disse...

A hora é agora! Fiquei encantada com o ritmo, a veracidade do que é posto, de bom gosto, quer seja ou não para posteridades ou glórias; importa é o recado, e tu, amigo João, o sabes dar em vários idiomas. Para traduzir numa só palavra: intraduzível!
Beijos

João Esteves disse...

Presenteia-me a visita do aniversariante autodefinido como jovem sessentão. Assim é, Ricardo.
Forte abraço.

João Esteves disse...

Grato, polivalente artista e amiga Terê, pela visita e comentário.
Beijo

Barbara disse...

Bom de se ir lendo, acompanhando a idéia que você não está vendendo mas que faz bem de ler, faz sim.

Eloah Borda disse...

Oi, meu amigo, que pé quebrado que nada! Teus versos setissílabos, em forma de trova, estão perfeitos!Parabéns! Que bom que o bonde está andando novamente - eu também andei deixando meus blogs meio abandonados por falta de tempo. Grande abraço. Bom domingo.
Bjs.
Eloah

Graça Lacerda disse...

João, visito-te para deixar-te um abraço, amigo!
Bom domingo.

João Esteves disse...

Obrigado, Bárbara, por sua presença no Bonde. Seja sempre bem vinda, e volte sempre que quiser.

João Esteves disse...

Tempo, que coisa mais difícil, não, Eloá?
Estou ainda usando só as pequenas sobras de tempo livre.
Beijos

João Esteves disse...

Recebo e retribuo aqui seu abraço com atraso, mesmo sendo domingo.
Obrigado

Anônimo disse...

Não vai tentar o INdriso??

beijos, saudades.

João Esteves disse...

Acho que sim, Rosemari.
É quae a inspiração só me chega quando bem entende, como você sabe.
Mas pretendo experimentar, sim.
Beijos

Canta AMBiente disse...

Tomara que pare um pouco para ver "Esta sou eu" nos meus blogs Anda e Canta Ambiente!!
Abraço,
Angélica

Graça Lacerda disse...

Neo,

tudo bem?
Pedi a um amigo jornalista que veja o seu LEXICOGRAFIA, para se inteirar melhor do nosso LEXICOTERAPIA.
Parece que ele vai ajudar na divulgação, o que acha??
Um abração, amigo!!

João Esteves disse...

Graça, quem não for contra nós, por nós será.
E aqui terá sempre assegurada a boa acolhida que já merece.
É de imensa utilidade para a lexicoterapia o contato com potenciais divaulgadores que disponham de meios eficazes, técnicas e todos estes etcéteras, como no caso de seu amigo jornalista, logicamente.
Um abração, Graça.

mundo azul disse...

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Penso que o interessante é ser apreciado... Se ficará para a posteridade? Não importa...

Adorei! Beijos de luz e o meu carinho...


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João Esteves disse...

Grato pela visita, Angélica.

Estou vindo agora lá do seu Canta Ambiente.

Você se apresenta com texto e imagem. Muito bem.

Desculpe por favor o atraso a que também me referi lá.

Um abraço cordial.

João Esteves disse...

Verdade, Zélia.
De apreciação póstuma não se pode tomar conhecimento pessoalmente.
Obrigadíssimo.
Beijos, luz e carinho pra você também.

Canta AMBiente disse...

Neo! Inglês, Português, Francês!!WOW!
Você capricha mesmo e o poema é muito legal, flui com grande espontaneidade!
Abraço,
Angélica

Canta AMBiente disse...

Neo, faltou agradecer sua visita ao Canta Ambiente.Obrigada por sua consideração! Super abraço,nós nos encontramos pelas redes e páginas desse mundo louco que ao menos está dando vazão à palavra de quase 2 bilhões de pessoas. Palavra-mente-pensamento-emoção:já imaginou que trânsito?
Abraço,
Angélica

João Esteves disse...

Não há de quê, Angélica. Sou eu quem agradece. E volte sempre.
Abraço,
João

Chá das Cinco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Chá das Cinco disse...

Ser elogiada por você é certificado de garantia.
Estou muito feliz!
As tuas palavras temperam a minha vontade de escrever.
Obrigada
Gemária Sampaio

João Esteves disse...

Não há de quê, Gemária.
E que bom que você me atribua prerrogativas certificador.
Só espero realmente merecê-las, e usá-las com mais frequência.